Clube da Dona Menô
Dona Menô

Singelos atos em pequeninos fatos

Eu não pensava que num domingo lindo de sol eu ia acordar e ler algo que me chamasse tanta atenção em um e-mail. Era uma resposta à atualização de meu site que fora enviada para milhares de pessoas.

Eu não sei bem os caminhos que me levam a pensar nessas coisas, mas eu pensei muito em uma certa leitora, que eu não conheço pessoalmente, mas que fala muito de sua vida para mim. Achei que alguns textos que eu tinha enviado podia lhe fazer bem – juro que ao clicar no “enviar” eu pensei nela, sem mais nem menos...

Ela fez apenas um pequeno comentário à minha mensagem aos cadastrados e eu o respondi como se não fosse eu, mas algo dentro de mim que falava tanto para ela quanto para mim mesma.

Abaixo envio o que ela disse e o meu retorno. Sem mais teorias...

Ela:

“Outro bom dia para você, Leila:

Desde que entrei em seu site pela primeira vez e depois estabelecemos uma amizade um pouquinho além do virtual, nunca neguei nem escondi que gosto das coisas que escreve. Divirto-me, mas, acima de tudo, gosto de você como pessoa, ser humano.

Então, querida, qualquer mensagem que chega é sempre bem-vinda e acrescenta somente alegria aos meus dias (que, às vezes, ou melhor, muitas vezes, é só tristeza)”.

Minha resposta:

Mandando o etéreo

“Eu não sou uma santinha, como também não sou uma pessoa falsa, ardilosa. Sou apenas um ser humano cheio de fraquezas, de dificuldades, de coisas não resolvidas, assim como você, assim como qualquer um. Mas quando não vejo grandes alegrias à minha volta, graças a Deus vem um anjo e me faz ver alegrias em pequenas coisas, coisas que me fazem sobreviver a mim mesma e a meus pensamentos negativos.

É como escrevi em uma frase que enviei nesta última atualização: “Sou completamente feliz se eu não exigir muito para isso”. E eu acho que é por aí que Deus está: nas pequenas coisas, naquilo que não vemos, mas que está presente e é o que realmente vale na vida, como a afeição, a interação humana, partilhando sentimentos bons, a comunhão de energias positivas, singelos fatos em pequeninos atos.

Para sermos felizes não é preciso muito, não, da mesma forma que é preciso muito pouco para destruir essa felicidade - tudo depende de nosso espírito.

É fácil observarmos isso quando estamos tristes: a gente não ouve música; não come; não liga para o sol; só fala coisas negativas; o mundo não tem cor; não há futuro auspicioso; não existe esperança em melhoras. Quando estamos tristes algo nos leva mais pra baixo ainda e nos afastamos daquilo que pode nos fazer sair do fundo do poço: o pouco, o muito pouco pra a felicidade ou o equilíbrio.

Negatividade gera negatividade; o feio enfeia nossa alma. Ficamos à mercê de nossas ruindades e não há quem nos faça sair dessa e lutar. Pessoas e situações passam por nós e a gente nem liga, porque estamos fechados em nossa amargura, na nossa amargura. Surgem, então, aquela palavra vinda de longe, um amigo ou parente chato que nos perturba o tempo todo, insistindo para que a gente sorria, ou aquela beata que fala dos céus e da salvação (e a gente só falta apertar o pescocinho dela, porque ninguém entende nosso sofrimento...). Vem até o médico que diz “Você precisa sair dessa! Olha a coronária!" - e nós ficamos com a sensação de que o idiota deve ter uma vida maravilhosa e perfeita. Tanta gente corre e para de repente só para prestar atenção no que sentimos...

O que fazemos? A gente se fecha na nossa concha e apenas valorizamos nossas tristezas, sem vermos que existe tanta gente que sofre conosco e não pode fazer nada pra nos ajudar, pois a melhora parte de nós mesmos, de algo muito misterioso que nos protege e está à nossa sombra.

Pode chamar de Deus, pode chamar de anjo da guarda, de alma do outro mundo, de qualquer coisa, mas o que faz realmente sairmos de uma depressão ou de uma crise emocional chama-se força espiritual, que está dentro de nós - é a sua alma, a minha e a alma do mundo, o motor de todas as energias universais.

Algumas pessoas precisam chegar ao fundo de um poço para ter impulso de sair dele. Outras nem chegam a entrar nele. Outras tantas conhecem o poço e não entram mais nessa furada. Algumas preferem submergir no nada até se afogar em mágoas, em melancolias ou nas tragédias que as circundam.

Tudo vai depender de um mundo que não se vê e é maior do que qualquer astro: nosso mundo interior. Ele precisa estar aberto para as energias positivas que tentam entrar, que existem silenciosamente até mesmo na natureza, até mesmo na escuridão, no silêncio - a paz.

Não quero com este e-mail lhe salvar ou resolver seus problemas. Eu só quero lhe dizer que, da mesma forma que eu passo e passei coisas boas através de um e-mail ou de trabalhos publicados, também você aí pode fazer o mesmo, pois foi porque você abriu um pouco a sua alma que se sentiu bem com minha mensagem - não foi a minha mensagem, foi você mesma.

O melhor caminho para ser feliz é querer ser feliz. Pense nisso.

Leila
http://www.clubedadonameno.com"