Foto de Leila Marinho Lage
LUA, FLOR E TANTAS COISAS MAIS
O que tem a ver Lua, flor e fotografia? Muito... E o que será que as três têm a ver com doenças? Acho que, diretamente, nada, mas o destino acabou por me responder.
Para entenderem, preciso lembrar que sou médica, se bem que atualmente me sinto também paciente, pois estou fazendo exames para descobrir certas coisas que me acontecem. Por exemplo, amanhã estarei fazendo “ressonâncias” de meu corpo, justamente porque ele está ressonando defeitos...
Eu estava aqui, quietinha, pensando em que inserir numa página de fotografias e escrever coisas leves, belas e fugidias, para aliviar a minha alma, mais que qualquer outra intenção. Daí atendi ao telefone uma paciente muito nervosa que conheci esta semana. Lembro que na primeira consulta, de tanto que ela falou e me atrapalhou, dizendo o que sentia e tentando dar seu diagnóstico, eu acabei gritando, levantando os braços e jogando longe minha caneta: “Pare! Você ta me atrapalhando, po! Deixe-me lhe ajudar e ver o que realmente tem – e não me perturbe!”.
Esta paciente riu de mim. Seria a reação menos esperada, diante de minha atitude, mas ela disse: “Você é parecida comigo e ainda bem que me alertaram sobre você...”.
Hoje, aqui com meus pensamentos particulares, a moça ligou desesperada com um resultado bobo de um exame, mas acabou indo na Internet e leu tanta coisa que pensou estar muito doente... Sei não, mas eu acho que falei tanta merda para ela que de choro (lá do outro lado do telefone) ela passou ao riso e ao alívio...
O que ela tem eu não sei – provavelmente nada. O que eu tenho? Não sei, e pode ser tudo (simples ou complicado), mas eu me surpreendi falando para ela justamente o que eu gostaria de ouvir de um médico:
“Sua hora está marcada, minha filha. É bom cuidar da sua saúde, mas chegará a sua hora um dia e terá que ter estrutura pra aguentar isso. Enquanto se preocupa com essas coisas, perde seu tempo de felicidade. Seja mais feliz e menos preocupada. Não peça a Deus para lhe livrar das doenças, mas para que Ele lhe dê forças para suportar o que há de vir por aí a qualquer hora, a não ser que um carro te esmague assim que atravessar a rua. Deposite suas dúvidas e seus temores em quem tem condições de lhe ajudar e relaxe!”.
Eu estava editando esta florzinha acima para publicar, quando esta ligação aconteceu. Eu pensava com meus botões: “Não posso fotografar grandes coisas. Eu gostaria muito de poder fotografar luas e sóis, entretanto não tenho máquina para isso. Eu só tenho uma compacta e isso me dá exatamente a dimensão daquilo que tenho em mãos, portanto farei dentro de minhas limitações o melhor que posso”.
Hoje eu me dividi entre médica e artista. Foi um dia especial e foi um dia também cheio de amor – amor ao próximo, todos os amores em suas nuances. Isto me deu força, da qual neste momento preciso. Assim vivo para os outros e assim vivo agora para mim mesma.
Leila Marinho Lage
Rio, 24 de julho de 2010
Clube da Dona Menô
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