A METADE DA MAÇÃ
(Sem ediçâo. Fotos de Leila Marinho Lage)
Meu sonho era fotografar uma maçã caramelada. Pedi para Luiz me levar a um parque de diversão, mas não podemos ter tantas diversões assim, nem ele nem eu.
Aquilo da maçã ficou na minha cabeça e me recomendaram ir a uma festa junina, mas odeio festas juninas! Daí lembrei que em circos, parques de diversão, naqueles de montanha russa e roda gigante, vendiam este doce maravilhoso, difícil de ser encontrado - a não ser em subúrbios distantes ou no interior do país.
Fiquei com água na boca até encontrar as maçãs (muitas delas) a quase dois mil metros de altitude. Obviamente eu comprei uma e corri pra comer - tudo correndo, pois minha vida é correr.
O sabor doce com o tato crocante se uniam à acidez da fruta, o que fazia com que o paladar ficasse muito próximo do NIRVANA. Talvez eu estivesse com fome, pois estava na hora do almoço...
Eu comi a maçã rapidinho, como uma criança que acabou de fazer uma arte. Todos me chamavam: "Cadê Leila?! O que aquela doida foi fazer? Onde ela se meteu? Será que está fotografando mais um arbusto, ou será que foi entrevistar um japinha?...".
Apareci faceira, com a maçã vermelha na mão. Ninguém se assustou, pois vindo de mim, qualquer coisa podia acontecer.
Comi meu objeto do desejo como se eu estivesse comendo meu passado em meu presente.
Leila Marinho Lage
Campos do Jordão
Agosto de 2010
Clube da Dona Menô
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