Relógios de Taiwan
Despedindo-me da minha compacta, capítulo II
Eu não tenho agorafobia, que significa medo de ficar em ambientes abertos ou cheios de gente. O que eu tenho é fobia do centro da cidade do Rio de Janeiro. Aquilo lá é um horror.
Tá certo que lá encontramos de tudo um pouco, da melhor qualidade e por preços bem em conta em relação aos centros mais elegantes, mas eu jamais iria fazer compras em meio àquela multidão correndo pra lá e pra cá, atravessando as ruas, aqueles mendigos que atrapalham o caminhar dos executivos com maletas pretas e os camelôs vendendo relógios de Taiwan nas calçadas fedidas de urina.
Por outro lado, o centro é lindíssimo, ainda mais se for visitado fora do horário comercial, apesar do perigo que isso inspira...
Eu estava ao ponto de cair em prantos em plena rua, no meio daquela gente doida passando, e se não fosse Luiz Martins, isso teria acontecido.
Uma porta apareceu à minha frente, a da livraria Travessa, na avenida Rio Branco. De um segundo de nervoso e preocupações eu passei instantaneamente para a alegria de uma criança, tentando fotografar com a minha compacta o mesmo que ele fotografava com a poderosa dele.
Nõ importa em absoluto qual foto ficou melhor. Nada importou daquele dia, além do fato de nós podermos enxergar além da manada...
Texto e Fotografia
Leila Marinho Lage
Rio, 20 de agosto de 2010
Clube da Dona Menô
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