Raça e Preconceito, cap IV
Os odores de todos nós
Quem diz não ter preconceito tem que ponderar muito o que fala e verificar quem pode estar ouvindo (ou lendo) e o conhece muito bem.
Eu conheço muita gente que frequenta igrejas ou instituições de caridade, que faz um monte de coisa por aí que é intitulada como filantropia, e se considera uma pessoa elevada espiritualmente, mas, na verdade, é tudo pra inglês ver... Eu acho até que se fantasiam de bons samaritanos, falam coisas politicamente corretas e se destacam como ícones da decência e do bom caráter para se convencerem a si mesmos que valem algo.
Inteligência é uma coisa, esperteza é outra, mas boa índole não se aprende em escolas ou treinando em bate-papos fantasiosamente literários na Internet, ou em encontros amorosos furtivos, muito menos forçando a barra em reuniões ditas humanitárias.
Existem certas coisas que vêm de berço e da educação, e que durante a vida a gente treina pra melhorar. Algumas vezes na fase adulta alguém aprende, mas é muito difícil isso... É muito mais fácil vermos pessoas se escondendo em peles de carneiro, muito bonitinhas, limpinhas arrumadinhas, politicamente corretas, mas com um passado e uma rotina escondidos muito sujinhos e muito feinhos...
A gente aprende muito com as nossas decepções e eu aprendi bastante nos dois últimos anos - um ano de sofrimento, seguido de um ano de muita coisa boa, apesar de que nem tudo é bom, porém compensador no emocional.
Uma das coisas que me decepcionou na relação anterior foi ouvir de uma pessoa (dita idônea, inteligente e bondosa) que negros fedem; que negros são de raça inferior e negros não são confiáveis. O mais estranho é que esta mesma pessoa bajula e aceita bajulações de negros e negras...
Texto e fotografia de Leila Marinho Lage
Rio, 15 de novembro de 2010
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