Clube da Dona Menô
Dona Menô
As ostras da Praia dos Anjos 


 
Fora ovo frito com arroz, o que mais gosto de comer são frutos do mar, e principalmente crus, o que é um risco dos nossos mares...
 
Lembro que há 40 anos meu pai, pescador e aventureiro, me ensinava a retirar nosso alimento diretamente do mar. Em águas que hoje são contaminadas e impróprias até para banho, eu já pesquei seres vivos e os comi, sem a menor culpa...

Lembro no dia em que meu pai se aproximou de mim quando eu observava mexilhões grudados numa pedra e me disse que eles eram deliciosos. Então, ele arrancou um e o sorveu. Depois ele me fez fazer o mesmo, dizendo que eu devia conhecer o mar, pois ele traz a sobrevivência. Eu chupei aquela coisa mole, meio enojada, e...  adorei!



Ele dizia: "Sinta o sabor...". Enquanto hoje os adolescentes aprendem a comer sanduíches em shoppings, eu aprendi a comer coisas do mar e cruas. Foi assim que descobri as ostras.



Meu pai me orientava que o que comemos do mar está vinculado à água, ou seja: se ingerimos algo de uma água contaminada, estamos nos contaminando também. Isto aprendi quando eu tinha 12 nos de idade, e como nossos mares estão cada vez mais impuros, sinto certas vontades hoje quase impossíveis, tal como comer ostras frescas... 



Eu satisfiz meu desejo quando estive na praia dos Anjos, em Arraial do Cabo. Lá a gente come a ostra imediatamente saída do mar, em um ambiente totalmente puro, sem contaminação alguma. A metros da praia eles criam ostras e camarões em cativeiro, que são servidos, inclusive, em um restaurante flutuante. 



Como foi bom sentir aqueles mares! Como foi bom voltar à minha juventude. Senti saudade de meu pai pescador, o qual eu hoje descubro ter me dado grandes oportunidades de contato com a natureza e ter me passado informações que nunca antes registrei como ensinamento.

Texto e fotografia
Leila Marinho Lage
Arraial do Cabo, 2011

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