Falando com ela de novo no MSN, eu disse que estava de saída para tomar banho e ela me pediu para escrever sobre banhos.
Levei um susto porque tenho uma história de banhos. E como ela sabia disto? Intuição?...
Quando fui morar na casa de meus avós, como eu disse anteriormente, não havia energia elétrica e os banhos na época de calor eram nos rios, e no frio o banho eram de bacia. Eram bacias enormes e havia um canto na casa destinado para isso, já que não havia banheiros. Quando se colocava a água quente e se sentava na bacia, sentia-se a água aquecida, mas a bunda gelava porque a bacia era de aço inoxidável. Com a mudança para a cidade, os banhos já eram de chuveiro.
Quando eu vim para a Suécia, minha filha me disse: "Mãe, aproveita que lá é frio e vê se pára de lavar sua cabeça todos os dias!". Uma amiga de vinte e dois anos me questionou: "Gisa, como você vai fazer, já que lá é frio? Vai continuar a tomar cinco banhos diários?".
Nem sempre eu tomava cinco banhos, mas, pelo menos, três ao dia eu tomava. Ao acordar, eu já entrava direto no banho para despertar. De noite eu tomava outro banho para dormir tranquilamente.
Um dia meu chuveiro queimou e meu genro ficou de consertar. Como ele não veio, eu quase morri de “catapora”. O que fazer? Não tive dúvidas: banho de caneca. Esquentei água, coloquei-a num balde e tomei o tal banho de caneca. No dia seguinte, fui para a escola sem tomar banho. Eu me achei "horrorível" ter que passar desodorante sem tomar banho. E pior: durante o resto do dia eu me senti asquerosa.Aqui, no início eu acordava e ia direto para o banho. Agora no inverno, eu tomo banho também com o propósito de me aquecer. Temos banheira em todas as casas, e as pessoas têm o costume de usar velas no banheiro, como um ritual. Eu invento: encho a banheira, acendo uma vela, acendo um incenso e faço meditação na banheira. Aqui não poderia ser diferente: na banheira vou deixando tudo o que é ruim. Se fico com inveja de alguém (afinal, não vou negar, porque sou igual a todos), se fico com raiva, se nada estiver fluindo, ou se estou doente, mesmo que seja uma dorzinha de cabeça ou gripe, fico de molho na banheira, meditando. Imagino que estou sendo purificada de tudo que não me pertence (pois eu não nasci com essas coisas e eu não as desejo, não são minhas).
Tento, também, ir ter contato com a natureza, quando não consigo entrar dentro de mim mesma. Em seguida, quando volto, deixo a banheira esvaziar, sentindo a água abandonando o meu corpo, como se tudo fosse para o ralo. Mas, eu peço a Deus para transmutar esta água, porque os peixes e outros seres viventes nos rios não poderão se contaminar com essas energias. Abro o chuveiro e deixo a água limpa correr por todo o meu corpo, me energizando com todas as bênçãos divinas - que eu tenho direito, afinal eu sou filha do Rei dos reis.
Estão preocupados com a energia que gasto? Eu não... Aqui na Suécia o aquecimento da água, tanto do banheiro quanto da cozinha é de graça. A água já vem nos canos aquecida. E este aquecimento é produzido através do reaproveitamento do lixo.
O lixo é seletivo e obrigatório. Há contêineres para cada tipo de lixo, e somente o lixo de cozinha é levado para a queima. Papel higiênico é jogado no vaso sanitário, que, aliás, eu já o fazia no Brasil, porque estava sempre correndo e não dava para recolher todos os dias os papéis do banheiro. História do banho
O costume do banho começou com o trazer para dentro das habitações humanas o prazer de nadar em um rio ou lago. Utilizando-se de uma banheira, abastecida com água fria ou aquecida, tornou-se um preceito de higiene comum.
O banho como higiene (asseio ou limpeza) consiste em prática de benefício para os seres humanos. O aumento dos padrões de higiene tem sido responsável pela prevenção de inúmeras doenças físicas, mantendo, além da saúde, o bem estar dos seres humanos.
Como estou casada com um portuga, vou também escrever sobre banhos em Portugal.No Brasil nominamos o local de banho como banheiro; em Portugal de casa de banho. É conhecido na Europa e EUA pela sigla WC (water closet). Aqui na Suécia chamamos toalet. Seja lá como for denominado, é uma cômodo da casa destinada aos cuidados de higiene pessoal.
Antigamente a banheira surgiu como uma grande bacia, geralmente de ferro esmaltado ou cobre, que se podia guardar quando não estava em uso. Como o advento do aço, passaram a ser inoxidáveis. Principalmente nos países com invernos rigorosos, quando o banheiro se encontrava fora da casa, o banho era tomado na cozinha – geralmente o cômodo mais quente.
No Brasil muitos povos indígenas já tinham o hábito de tomar banho diariamente. Esse é um hábito presente até os dias de hoje no Brasil, e é considerado uma de nossas heranças culturais.
Origem do banho
Em Portugal é comemorada na terra do meu amor (Algarve) a Festa do Banho 29. É o nome dado ao conjunto de tradições que se realizam anualmente no dia 29 de agosto, nas praias do litoral do Barlavento Algárvio. São festas acompanhadas por espetáculos e fogos de artifícios. Esta tradição recria a vinda dos camponeses que transportavam em mulas, burros e carroças suas famílias e grandes farnéis até as praias da Cidade de Lagos, para um ritual de banho marítimo. Com o passar do tempo, grupos de pessoas desconhecidas apareciam nesta data ao por do sol para um banho noturno.
Hoje em dia esta data é lembrada com festividades e com o habitual banho à meia-noite, quando acendem fogueiras, tocam instrumentos musicais, assam chouriço e contam estórias e histórias.
Existem receitinhas caseiras de banhos mágicos. Eu até já fiz alguns, mas prefiro os meus só com água e sabão líquido. Para quem deseja saber mais vá ao meu blog qualquer dia desses.
Gisa
Suécia, 14 dezembro de 2007
http://gisa-skaktti.blogspot.com
|