Quando um homem tem problemas com sua sexualidade ou apresenta disfunção erétil é praticamente impossível que se saiba - a não ser quem transa com ele, lógico. E, quando isso acontece, ele geralmente brinca sobre o assunto. Até mesmo o fato de ficar coroa, barrigudo, aparecendo até celulite na bunda e careca, nada disso o afeta tanto quanto as mudanças em seu organismo na parte sexual. O transtorno muda seu comportamento de até então. Ou ele se acomoda e faz disso uma piada, ou ele se defende, se interioriza, se fecha e dá milhões de desculpas. Para o homem a idade e seus efeitos, na maioria das vezes, vêm devagar e “indolores”. As reservas de testosterona, que é o hormônio responsável pela sexualidade em ambos, é muito mais alta no homem. A testosterona é produzida ainda em boa quantidade por muito tempo quando se chega a idade madura. Na mulher a testosterona é produzida pelas supra-renais e pelo metabolismo dos estrogênios nos ovários. Com a menopausa, quando a função ovariana decai, é comum acontecer o desinteresse sexual, ou seja, a libido diminuída. Isso também acontece no homem, uma vez que a função dos testículos, onde é produzida a maior quantidade de testosterona, também está decaindo. A mulher nesta idade passa por outras alterações, que envolvem a atrofia da vagina, depressões, sintomas desagradáveis da menopausa, muito mais intensos que a falência hormonal masculina. Mas, não somos só hormônios, entretanto, estes, com certeza absoluta, são os responsáveis pelo nosso comportamento sexual – primitivo, instintivo, animal. Só que o ser humano é especial no reino dos animais. Ele usa o seu cérebro, seu raciocínio e seu relacionamento social para burilar suas dificuldades. Até porque para nós a sexualidade é um um instrumento de gratificação, não mais sendo encarado como um recurso natural para perpetuação da espécie. Ao mesmo tempo, é o cérebro que por muitas vezes atrapalha uma coisa natural e normal em nós – quanto mais grilos, mais disfunção sexual. Fatores orgânicos interferem muito, tais como: doenças cardíacas, hipertensão arterial, diabetes, obesidade, enfisema pulmonar, patologias ortopédicas e reumáticas, etc, etc, etc... Isto, tanto no homem quanto na mulher. Uma vez que estas doenças e suas complicações acontecem com maior frequência com a evolução da idade, observamos o dilema do ser humano, que deseja, mas não realiza. Não se pode esquecer que quanto mais se envelhece (ou amadurece, como queiram), mais problemas adquirimos no âmbito psicológico e familiar. Isso tudo contribui para que não nos realizemos satisfatoriamente na “cama”. A sexualidade basicamente é dividida em três etapas: desejo, excitação e orgasmo. Cada uma é complicadamente elaborada em nosso corpo, principalmente no cérebro, onde possuímos neuro-transmissores que agem como o estopim para nossas reações. Não sendo tão científica agora, pois não gostaria de fazer um artigo médico, quis apenas mostrar que nem sempre a coisa pode ser resolvida sozinho(a). Existem profissionais especializados que estudam durante a vida toda esta especialidade para poderem ajudar cada pessoa portadora desta queixa. Não é vergonha nenhuma um homem chegar ao urologista ou ao seu médico de confiança, se abrindo sobre suas restrições. Muitas vezes este é o passo mais importante para a melhoria do relacionamento amoroso de cada pessoa. Não é nenhuma desvantagem a mulher dizer que já não é mais a mesma. Quantas nunca foram em época nenhuma? Às vezes, é na maturidade, no entardecer da vida que vamos descobrir a intensidade do contato físico entre um casal. Uma conversa, um papo informal, talvez seja por aí que muitas pessoas poderão resolver coisas pendentes e que, ao contrário, poderão se arraigar mais e mais na vida daquela pessoa, até esta desistir e se esconder de seus medos e impossibilidades. O diálogo com o parceiro(a) é muito importante, uma vez que existe um pacto em cada convívio humano: "Eu te dou isso, você me da aquilo". "Vamos fazer trocas e valorizar o carinho, o prazer de se estar junto". Eu vejo com frequência casais idosos com atividade sexual. Não como somos na juventude, mas satisfatoriamente para ambos. E isso não somente entre casais que convivem sob o mesmo teto, mas namorados - pois até os idosos de todas as idades namoram! O que importa mesmo, turma, é ter a exata consciência do que é possível mudar e melhorar, e do que é irreversível. E, dentro do que sobrou, usar e abusar da sexualidade, pois sexo é uma coisa e sexualidade é outra. Enquanto se vive, sempre vai haver uma forma de agradar o outro e se agradar mutuamente. E, se houver amor, paixão ou desejo, aí a coisa fica bem mais gostosa. Amem muito. Isso nunca foi pecado nem nunca será. Leila Marinho Lage |