Clube da Dona Menô
Dona Menô
     

Plantando é possível
(Artigo de Bernard Gontier)

Aristóteles equacionou o seguinte dogma - as plantas têm alma, mas não sentem, Uma formulação que durou séculos. Surge, então, Carl Von Linné, considerado o avô da botânica moderna, proclamando que a diferença entre animais, seres humanos e plantas  é que estas últimas não tinham o poder de movimento. Darwin joga por terra essa teoria,  provando que cada um dos filamentos de uma planta tem a capacidade de se mover. Nesse quesito, basta a simples constatação de que as plantas crescem também em direções opostas - por um lado adentram no solo, como que atraídas pela gravidade, por outro, rompem o ar, exercitando quase uma levitação.  Raul Francé, biólogo do século XX, declara, finalmente, que as plantas movem seus corpos tão livre e facilmente quanto o mais hábil ser humano.
 
Nos anos 60, cientistas estimavam uma área de aproximadamente 65 milhões de km quadrados de “superfície foliar”, no planeta. Superfície, essa, envolvida no processo da fotossíntese. O estudo de um único pé de centeio demonstra mais de 13 milhões de radículas com uma extensão de 608 km.
 
Ao contrário do que se pensa, as plantas não só possuem boca, olhos e ouvidos, como alma e intenção.  O fato de a forma externa de uma planta ser restaurada a cada destruição deixa claro que uma entidade consciente está presente, supervisionando a integridade da forma.
 
A engenharia humana não chega aos pés da capacidade de resistência dos “longos tubos ocos que suportam pesos fantásticos contra temporais violentos”.
 
Flores desenvolvem armadilhas perfeitas e só liberam suas presas (insetos, no caso) quando o processo de polinização se completa.
 
Eucaliptos que se erguem até 140 m acima do solo; nogueiras capazes de aguentar até 100.000 nozes; uma única bétula, num dia quente de verão, chega a consumir 400 l de água.
 
Há milênios as plantas observam a  humanidade, registrando fenômenos e acontecimentos, comunicando-se com esse mundo de um modo decerto superior aos nossos sentidos. Francé levantou a hipótese de que a percepção das plantas se origina num mundo supranatural, de seres cósmicos, por assim dizer.
 
O Efeito Backster: 1966, em Nova Iorque, o dono de uma escola de operadores de polígrafos, mais conhecido como “detector de mentiras”, resolveu pegar um dos eletrodos de um de seus aparelhos, colocando-o sobre uma dracena. Sua idéia inicial era observar o comportamento da agulha sobre o papel quadriculado, quando a planta era regada. Antes de se mostrar uma reação de impacto, o que o gráfico demonstrou era similar a um estímulo emocional, prazeroso e de curta duração. O técnico tentou outra abordagem: inserir a folha da dracena na sua xícara de café.  Sem maiores reações. Ocorre que quando ele pensou em queimar a folha, uma mudança substancial se apresentou.  Todavia, Backster sequer se movera. Ele apenas havia pensado no assunto. Cinco minutos depois ele torna à sala com numa caixa de fósforos, determinado em levar adiante a ameaça. Outra oscilação expressiva se registrara no gráfico. A folha foi queimada e a reação obtida, de pouco alarde. A partir daí, quando ele, fingindo, apenas simulava o intento de ferir a planta, essa não reagia. Ficou nesse instante evidenciado que a dracena soube distinguir a diferença real da simulada. Nascia, aí, o Efeito Backester.
 
E nascem agora 3 parênteses:
 
1. Sinais de rádio e TV telemetrados - transportados por ondas eletromagnéticas à velocidade da luz, levam 7 minutos para chegar a Marte e tempo igual para voltar.
 
2. “Desde que acostumadas a uma pessoa, as plantas parecem manter com ela uma sólida ligação”.
 
3. Mensagens emocionais ou mentais operam fora do tempo, tal como o concebemos.
 
Resumindo Backster, cuja historia é de vulto (não apenas em termos de mídia, mas, sim, de êxitos em suas incontáveis experiências), ele conectou eletrodos a diferentes tipos de células - amebas, culturas de mofo, raspas de boca humana, sangue e esperma.  Esses últimos, pelo que revelou o gráfico, pareciam capazes de identificar seus doadores. Essa reação o levou a crer que uma espécie de memória total “possa integrar uma simples célula e, por interferência, que o cérebro seja apenas um mecanismo comutador”.
 
O histologista russo Alexander Gurwitsch, em 1920, e sua mulher proclamaram que todas as células vivas produzem uma radiação invisível.
 
Marcel Vogel, misto de físico, químico, botânico e empreendedor, autor do livro “Luminescência nos líquidos e nos sólidos”, também colocou eletrodos nas folhas de uma planta. Resultado: as plantas reagem como um todo, assim como também cada folha possui uma personalidade única.
Vogel também usou da energia das mãos, quase tocando um filodendro, e percebeu o campo de força entre a palma da sua mão e a planta.
 
Enfim, acho válido agora citar, supor e até corroborar a existência de “uma forma primária de comunicação instantânea entre todos os seres vivos, que transcende as leis físicas atualmente conhecidas”.
 
Bernard Gontier
São Paulo, 22 de abril de 2008
http://recantodasletras.uol.com.br/autor_textos.php?id=34502