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Feijão mais que amigo
Gisa, aqui é Menô. Antes de mais nada quero justificar dois erros na minha carta. Este maldito editor de texto não aceita acentos nos títulos do site e odeia apóstrofos. Verá abaixo (em doie). É que nem aí, com seu pc que não aceita cedilhas... To aqui na maior curiosidade para saber se o filho e marido de Telma gostaram do feijão amigo... Por falar nisso, feijão amigo é aquele temperadinho com pouca coisa e trituradinho, fazendo-se um caldo. Toma-se, não se come feijão amigo... Lá em Minas havia isso? Aqui no botecos bem vagabas é uma constante e agora até nos restaurantes o pessoal já o inseriu no cardápio...
De qualquer forma, feijoada é motivo de reunião, um acontecimento. É como o fondue aí para a turma da Europa. A gente se vira com o que tem, né?
Como todo mundo sabe, feijoada é comida originária dos escravos, o único prato típico do Rio de Janeiro. Eles ficavam com o resto das carnes, os pedaços não nobres do porco, e misturavam no feijão, lá nas senzalas. A galera da nobreza começou a sentir o cheirinho e sequestrou a comida deles... Até hoje as panelas de barro e ferro são as melhores para se fazer a refeição, até porque dá um sabor diferenciado no cozimento do feijão, principalmente as de ferro. E no forno a lenha, melhor ainda!
O acompanhamento da couve é porque esta verdura aqui é que nem chuchu e mulher: dá em qualquer lugar... Faltou a laranja, né?... Imagino que aí o frio seja tão bravo que frutas e verduras não sejam tão disponíveis como nos países quentes. Por outro lado, se não têm carne seca (salgada e seca no sol) ou de sol (que, na verdade, é maturada no sereno), vocês têm à fartura paio, linguiça, esses embutidos do porco.
Mas, olha, um feijão preto só com alho, tomate, cebola, louro ou um temperinho qualquer já é o suficiente. E o feijão preto, pelo visto, se compra no comércio dos estrangeiros - menos mal... A feijoada com feijão manteiga também fica uma "dilícia". Se formos pensar, o cassoulet é a feijoada viada dos europeus... Passo a receita abaixo. O feijão branco e marrom (alguns tipos) exigem menos tempo para cozimento.
Telma deve ter se virado bem, mas diga para ela deixar o feijão de molho uma meia hora antes de cozinhar. E carnes salgadas devem ficar de molho antes de se ferver. De preferência, de um dia para o outro, de vez em quando trocando a água.
PQP! Cozinhar feijão preto na panela ninguém merece... Se ela demorou umas três horas botando água e mexendo, tudo bem, mas se ficou pouco tempo se escornando na fervura, deve ter ficado parecido com bola de gude... Vai ver que foi por isso que pediram catchup, essa coisa nojenta que engana o sabor de tudo... Argush!!!
O cassoulet (ou caçolet) é originário da França, da região do Languedoc. É feito basicamente com feijão seco e carne. O rico coloca o confit doie (confit de ganso), perdiz ou cordeiro. O durango apela pra salsicha, linguiças baratas, e mesmo pedaços de carne de porco (que combinam melhor, venhamos e convenhamos...). Pode ser de feijão marrom ou branco. Após deixar o feijão de molho, cozinha-se o mesmo numa caçarola de barro (cassole), daí o nome cassoulet.
Os franceses ficam disputando de quem é a autoria do prato (Castelnaudary, Carcassonne ou de Toulouse), mas estão de acordo que o prato surgiu na guerra dos Cem Anos - coisa de pobre que nem aqui no Brasil, né?...
Vai uma receita de Cassoulet à Carcassone, que eu peguei na Internet, mas com meus comentários:
500 g de feijão branco
2 cebolas médias 4 cravos da índia (Dispenso!) 2 tomates, sem pele e sem sementes, picados 1 maço de salsinha 50 g de toucinho defumado cortado em cubos 2 xícaras (chá) de vinho branco seco 500 g de costela de porco cortada em pedaços 500 g de linguiça fresca cortada em rodelas 3 colheres de sopa de óleo de milho (Pode ser de soja, po!) 500 g de coxa e sobrecoxa de frango cortadas em 4 partes (Pode tirar isso daqui. Tá parecendo paelha, com tudo dentro...). 3 tabletes de tempero para feijão (Prefiro substituir por três alhos amassados e louro) 250 g de salsichão cortado em rodelas finas (Aí vira um angu, não acha?) 2 cenouras cortado em rodelas finas (Pra quê?!) Texto de Leila Marinho Lage
Rio, setembro de 2008 http://www.clubedadonameno.com |