Clube da Dona Menô
Dona Menô
Tesouro da Juventude



 
Ao abrir a enciclopédia Tesouro da Juventude, editada nos anos 40, herança de minha mãe, talvez até de minha avó, pude observar o quanto aqueles livros, a despeito da ortografia e temas ultrapassados, ainda guardam uma relíquia da história. São contos de autores famosos, curiosidades e uma imensidão de textos que podemos registrar como história, mas que foram novidade um dia.
 
Tesouro da Juventude teve sua primeira edição em 1912. Os livros que tenho são de capa dura, em azul escuro e confeccionados com um material semelhante a tecido, o que fez com que, apesar de todo o abandono que sofreram durante anos, ainda estejam muito conservados. Algumas folhas estão amareladas, outras, clarinhas como novas e não existe cheiro de mofo.
 
Não sei se a qualidade do material de confecção dos livros ajudou tal conservação, se foi o meu cuidado em guardar os livros ou, quem sabe, algo inexplicável, uma energia qualquer que fez com que eles perdurassem ao longo do tempo.
 
Eu sempre pensei em me livrar deles, ainda mais agora, em um apartamento tão pequeno para as minhas coisas, porém, volto atrás sempre. Um dos motivos é o que estes livros simbolizam uma parte da minha história. Eu, ainda menina, os folheava com carinho e ficava admirada com as gravuras e os textos. Ria com a fonética (pharmacia etc) e zombava das “novidades” que abordavam. Aprendi muito sobre a vida de certas personagens da história (o que jamais vai mudar) e com a própria beleza das imagens. Jamais, em época nenhuma, farão livros tão românticos e singelos.
 
Minha memória ignorou a maioria dos livros que li na vida, mas o Tesouro realmente virou tesouro. “Um dia ainda vou usar alguma matéria do livro para o site”, pensei eu. Nesse instante eu percebi que também escrevo um livro, só que jamais acaba – um livro virtual. Como eu gostaria de ser “lida” pelo público da mesma forma que a Leila criança, deitada na cama, hipnotizada com seu “tesouro”, relevando a precariedade dos livros e valorizando seu conteúdo.
 
Não é fácil fazer um site. Não é fácil se expor e ao mesmo tempo ter sua vida pessoal respeitada. Não é fácil lidar com o público e se expressar imparcialmente, conter as palavras, enfrentar inimigos, pessoas invejosas. Não é fácil ser criticada negativamente e continuar, sempre tentando melhorar. Seria muito bom que tudo fosse flores e tudo fosse fácil, mas não é.
 
Aos meus leitores assíduos, que comigo vivem minhas histórias e minha própria história, quero dizer uma coisa: Meu site é meu tesouro. Não da juventude, mas da vida madura que tenta se rejuvenescer a cada dia através das letras. Que ele seja visto pelo seu lado bom, que são os textos e apresentações em Power Point Slides. Que ele seja admirado pelo meu esforço e tenacidade em manter a página interessante, apesar da pouca condição para tal até o momento.
 
Leila Marinho Lage
Rio, 16 de novembro de 2008