Clube da Dona Menô
Dona Menô
Impotência

Eu ia fazer um artigo médico abordando sobre disfunção sexual masculina, analisando cada fator causal para tal comprometimento orgânico, como diabetes, insuficiência cardiovascular, neuropatias, ação medicamentosa, fatores psicológicos etc...

A expressão leiga “impotência” já ofende e tira a dignidade do ser humano. Termos pejorativos não faltam - o “homem brocha” talvez seja o mais cruel. É como se o poder masculino estivesse única e exclusivamente no ato sexual, mais especificamente, na ereção.

Por outro lado, o conceito do prazer feminino é tão cruel quanto. “Frigidez sexual”, o deserto frio de desejos e sensações anulados. A mulher fria é a mulher isenta de tesão ou que não alcança o clímax da excitação, o orgasmo, problema comum em ambos os sexos, com várias etiologias, não só emocional.

Eu poderia tecer uma teia com todos os conflitos e incompatibilidades na relação interpessoal e interação sexual do casal, mas isso daria folhas e folhas de um texto que em seu encerramento eu não teria esclarecido, muito menos solucionado, o problema de ninguém. As nuances da disfunção sexual são tão complexas e individuais que muitas vezes exige estudo e investigação multidisciplinar.

Para a sociedade a perfeita performance sexual é condição sine qua non para o bom ajuste na vida a dois. A meu ver não é... Relação sexual é uma coisa, relacionamento sexual é outra muito diferente.
 
Hoje observamos que fica cada vez mais precoce a faixa etária que inicia atividade sexual. Mães de meninas adolescentes, muitas vezes no primeiro namoro, já levam suas filhas para uma consulta, a fim de serem orientadas ao uso de um método contraceptivo. E a razão é: as próprias meninas, que um dia desses começaram a menstruar, avisam que querem transar. Até mesmo a própria mãe se vê diante de um mundo sem controle e, pelo menos, querem que suas filhas não engravidem, já que falar sobre doenças sexualmente transmissíveis é mero detalhe, o que acaba ficando por conta do médico, que coloca à tona as possíveis consequências de um coito desprotegido.

Jovens que se “preparam” para o “amor” muito antes de saberem o que é este sentimento. Mas, poxa, deve-se dar graças a Deus de poderem ter acesso a um médico, pelo menos para evitarem o “pior”. E não se fala nos mesmos cuidados com o menino, não da mesma forma, não com tanta preocupação, afinal “quem engravida é a moça...". Tira-se a responsabilidade do sexo de cima das costas do homem, que fica apenas com a sua função primordial: trepar.

Hoje trepam somente porque chegou a hora. Trepa-se muito e com muitos (as). Acabam deixando de exercer o sexo em sua plenitude, quando se deveria também exercer o sentimento, o carinho, o amor. Nem mesmo um sexo gratificante para ambos os lados tem sido valorizado. O que interessa é trepar e aprender algumas modalidades do Kama Sutra, pelo menos as mais famosas e menos doloridas para a coluna...

Como alertar esta sociedade que o sexo não é só isso e que um dia este sexo pode se findar? Como mostrar para uma sociedade cada vez mais jovem que a mesma sociedade está ficando cada vez mais idosa e que a longevidade trará frustrações, quando perceberem que se vão seus atributos físicos e que sua “potência” não será a mesma?

Os casais idosos resignam-se facilmente, principalmente a parceira, quando percebe que seu companheiro não é mais o mesmo. Este, por sua vez, quando é o primeiro a “ficar na mão”, procura subterfúgios e satisfações em “outras bandas”. E ninguém dialoga; tudo fica por isso mesmo; cuidemos do dia-a-dia, o que é mais fácil encarar.

O sexo faz parte da vida e talvez justifique em grande parte a razão de duas pessoas, mesmo inconscientemente, manterem uma união estável. Por isso mesmo é que a natureza nos permitiu o prazer. O prazer permite a sobrevivência da espécie.

Mas, que prazer é este que se acaba quando acaba a ereção ou quando a mulher já não se “lubrifica” mais? O que fazer quando o sexo acabou? E o sexo acaba assim? Então nunca foi sexo, não dos bons...
 
Entram em cena a atração que perdura e a SEXUALIDADE. A mente ainda funciona, mas ela depende do diálogo e da manutenção do contato físico. Dormir bunda com bunda, só mesmo para quem precisa de companhia na hora de morrer, o que é válido, porém frustrante...

“Bom dia, meu amor”, “Boa noite, amor”. Deitar e levantar todos os dias ao lado de alguém que nos dá prazer, resguardando a sensualidade mesclada ao carinho tão necessário, isso só para quem tem “potência intelectual” e jovialidade em seu espírito. Vai depender de personalidade e de quem está ao seu lado na cama. Não é pra qualquer um não...

Por conta deste texto que acabo de escrever, lembrei-me de outro, que escrevi em julho de 2008, quando construí e publiquei o PPS chamado “Bom dia com Mancini”, que agora faço alterações na formatação.

Para visualizar a apresentação, que está atualmente publicada em meu espaço no Recanto das Letras, em E-books/PPS, clicar em “Abrir” e depois em “Somente Leitura”. LINK:
15 de agosto de 2009