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Espiritualidade e natureza
Por Dalai Lama
Leiam o comentário abaixo e
Fazer este pps foi barra...
Fazer uma apresentação em Power Point Slides não é fácil, não, amigos... Não do jeito que eu procuro fazer.
Talvez seja por isso que muitas pessoas detestam abrir este tipo de arquivo, pois já esperam demonstrações de mau gosto e ignorância... Eu já fiz muita coisa errada e tento todo dia as corrigir.
Por conta disso é que eu resolvi reativar um pps antigo, reformatá-lo e colocar no ar. Eram apenas alguns diapositivos muito mal feitos, com uma pequena mensagem de Dalai Lama, quando lhe perguntaram o que mais o surpreendia na humanidade. Ele disse:
"Os homens, porque perdem a saúde para juntar dinheiro; depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente, de tal forma que acabam por não viver nem o presente, nem o futuro. Vivem como se nunca fossem morrer".
Só que fazer um pps com texto tão pequenino exigiria mestria.. Ou eu o encheria de animações e imagens, ou faria uma coisa tão curtinha que eu teria dificuldade para escolher o som ideal, também curto... Tanto um pps enorme, quanto um pequeno dão muito trabalho, se desejarmos que sejam de bom padrão.
A outra coisa seria não "pesar" o trabalho, ou seja, fazer algo fácil de se abrir mesmo em conexões discadas. Por isso vivem fazendo pps de uns 500kb ou menos. Mas, se a gente quer idealizar uma obra, humilde que seja, temos que nos deter a vários detalhes, não só ao tamanho do pps.
Então, pensei em fazer algo novo. Eu vejo milhares de pps com frases soltas de Dalai. Eu queria fazer um pps com um texto inteiro dele, o que seria um outro desafio, pois todos os seus discursos são enormes. Como eu primo pela honestidade em todos os sentidos, jamais adulteraria uma frase sequer de alguém, ou resumiria um texto (a não ser fazendo esta observação), não passaria adiante o que fazem na Net - divulgação de textos adulterados ou incompletos.
Aí, achei a página oficial dele e achei, dentre outros textos, um que me agradou de imediato: "Espiritualidade e natureza", que também é título de um livro seu. Fala sobre o que é religião na concepção deste monge, aborda sobre as virtudes primordiais de um ser humano (amor e bondade), e ele associa isso ao cuidado que temos que ter com a Terra, com a natureza. Estava aí o tema!
Só que eu não gostei nem um pouco da tradução ao pé da letra do texto. Ainda não tinha lido o texto original, mas, pela tradução, percebi que a pessoa traduziu como se fosse uma estrangeira. Eu queria saber o que foi que Dalai realmente tinha dito, as palavras certas dele.
Outra saga... Até ali horas já tinham sido perdidas e nada do pps sair. Lá fui eu para a Net atrás de outras páginas com o texto. Encontrei duas ou três, sei lá, cada uma traduzindo de uma forma... E cadê o texto em inglês?! Era tarde e eu não podia comprar o livro.
Voltei à página de Dalai para ver o que eu podia fazer com aquela tradução. Descobri que havia lá um link para a mesma em inglês. Graças a Budha encontrei o texto!
Comecei, então, a fazer a tradução e a versão. Traduzir é uma coisa, dar sentido àquilo que traduzimos, adaptar ao nosso modo de nos expressar é outrinha bem diferente. Pensei em escrever para uma amiga que faz tradução em tempo real em palestras, mas ela mora nos States e podia não responder ou estar ocupada. Quando eu começo uma coisa, vou até o final e não queria parar.
Só que uma coisa me desanimou de vez: Eu achei uma entrevista com Dalai em vídeo. Pelas suas palavras em inglês, que ele pronuncia muito mal (até parece um brasileiro tentando falar a língua), percebi que ele repetia quase que integralmente o que estava no texto! Então, eu me perguntei: "Será que foi mesmo este o tal discurso proferido em público no Simpósio Ecumênico da Universidade de Middlebury, nos EUA, em 14 de setembro de 1990?".
Bem, a página dele deve estar dizendo a verdade. Ele deve ser repetitivo como todo bom budista... Entretanto, depois dessa, eu cansei e fui dormir, triste, pois eu já tinha formatado um belo pps, com uma bela imagem, com a música ideal (do super instrumentista de New Age, que eu adoro, Deuter), uma música do tamanho ideal. Horas de trabalho a mais foram nisso...
Quer dizer, a música não tinha o tamanho ideal: era enorme! Pensei em editar a música e fazer um fade out, ou seja, diminuir o som aos poucos no final, mas cadê o editor free de som? Tinha sumido do computador - passou do prazo para uso. Também, nem tinha lá muito problema, pois eu não sabia usar mesmo! Editei a música na unha, no muque, com aquele gravadorzinho merreca do Windows. Para isso eu tive que cortar subitamente o som. Ouvir a música e encontrar o momento certo pra a interromper é outro inferno. Não dava pra ser outra música. Se fosse com tempo menor, não daria até o final dos slides. Dentre as bonitas e enormes, era esta a que mais de adequava à minha interpretação do texto. Mais horas de trabalho...
Após as tentativas de fazer uma versão legal, mesmo tendo de colocar as palavras dele (ele fala mal o inglês e com aquele jeitinho tibetano budista...) e tendo que utilizar um bom português nas frases, ainda tive que dar uma guaribada na pontuação. Outras horas consumidas...
Fui dormir e sonhei. Sempre quando eu sonho com alguém, querido ou não, eu vejo o seu rosto em primeiro plano. Eu sonhei com Dalai me olhando e a tal música tocando. Apenas o seu sorriso maroto. Achei que aquilo era um aviso e acordei com a corda toda, hoje pela manhã.
Aí, foi o tormento de coordenar tempo de transição de slides, ler em voz alta cada pedacinho do texto, ao passar o pps, para ver se iriam ler direitinho, sem tempo curto ou longo demais...
Vocês me perguntam: "Por que, então, não deixa a opção para que cliquem em cada slide e eles mesmos passem um a um?". Eu digo: Porque é um saco assistir a um pps tendo que colocar o dedinho no mouse! O bom é sentar e admirar a obra, ora! E tem mais: aquela pessoa muito lenta vai deixar que o pps acabe sem música! Erepetir a música ao final do pps é incompetência, fica feio. Isso é aviltante para um formatador... Horas e horas de consumo de ATP (energia dos meus neurônios).
Como eu tenho que fazer outras coisas na vida, mas me dedico quase como uma eremita, quando estou formatando um pps, chega a ser comédia: corro na cozinha, lavo a roupa, tomo banho, tudo dentro do tempo de um pps em formatação rolando na tela do pc. Pior é ser interrompida pelo telefone, pessoalmente ou através de pessoas no computador. E há uma turminha aí que acha que eu faço pps como se ficasse brincando de jogar paciência pelo computador... Quero ver fazer o que eu faço - aliar arte à cultura, fazer uma coisa bonita, de bom gosto. Eu sei que faço isso, pois além destas horas que perdi com este pps, muito me custou as outras muitas por muitos meses com outros textos.
Chega a hora de espairecer. Eu saio, como fora, etc, etc, mas, olhem, muitas vezes eu estou pensando no pps que ficou lá me esperando... Neste caso, era Dalai Lama!!!
Para mim Dalai Lama e Ghandi foram as personalidades mundiais que mais se assemelham ao meu pensamento do que é ser um ser humano íntegro, bom, amoroso. Eu também gostava do papa João Paulo II, mas, talvez, pelo carisma com o povo e pelo seu semblante de bondade.
Dalai não tem cara de bonzinho, não... Ele até me parece um nordestino arretado (natural do nordeste do Brasil muito temperamental - para que as outras pessoas de outros países lusófonos me entendam). Dalai é bom, muito bom, mas sua fisionomia é de um homem rígido, que impõe com o olhar, ele não abaixa a crista. Ele é humilde sem se humilhar. Dono da verdade? Não... Sabedor das fraquezas humanas, inclusive das dele. Dono da razão? Não... Apenas alguém que pensa em, sofre com, reza por e luta contra a maldade do mundo.
Muitas horas perdidas no pc? Não... Aprendi muito!
Fazer um pps como gosto de fazer é procurar passar CULTURA, transmitir a quem não sabe o pouco que estudei, incentivar à leitura, à pesquisa e, também, mostrar beleza, além de perpetuar aquilo que pode ser um dia lido e esquecido.
Hoje apresento minha homenagem à la Menô para o 14º Dalai Lama através deste pps "Espiritualidade e Natureza" (Vídeos e slides, Devaneando).
Leila Marinho Lage
Rio de Janeiro, 9 de fevereiro de 2008
http://www.clubedadonameno.com
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