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My ignorance

Trabalho realizado por Leila Marinho Lage
O mesmo PPS está disponível em português
neste site com o nome Minha ignorância

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Minha ignorância

Em 22 de agosto de 2006 escrevi este pps.

Eu estava em contato com a responsável por ele: Helen Breder, que veio a falecer em 20 de setembro de 2006.
Apesar de ter entrado no Hospital mais uma vez, ela estava muito animada e confiante.

Por falta de imunidade ela não suportou uma infecção pulmonar.

Quando ainda estava bem, mesmo sendo submetida à quimioterapia, ela ficou por muitas horas no seu lap top, tentando traduzir este pps para o inglês. Nós queríamos que esta mensagem chegasse em todos os lugares.

Ela tinha leucemia havia quatro anos, desde que eu consegui diagnosticar e a encaminhar para um amigo hematologista, Dr Sergio Oliveira, o qual se dedicou ao máximo pelo seu caso, como o faz com todos os seus pacientes.

Fazia muito tempo que eu não a via (mais de um ano) e, naquela época, as notícias eram muito boas, pois ela estava em fase de remissão da doença. Até cantou com seu noivo numa palestra que eu dei. Na reunião ela ria, cantava, brincando, mesmo com uma toquinha na cabeça, pela falta dos cabelos.

Só que ela evoluiu com outro tipo de leucemia e precisava de um transplante, mas ela não tinha um doador compatível.

Seu pai até se comunicou com seus parentes na Alemanha, mas ninguém era compatível com as células de Helen.

Dias antes deste pps, minha prima me ligou porque queria ser doadora de medula óssea. A princípio não dei a menor bola para o que ela falou e até a desencorajei.

Coincidência ou não, no dia seguinte, eu soube sobre Helen e que ela só tinha chances se fizesse um transplante. N
em todas as leucemias exigem transplante, mas no caso dela o procedimento era imprescindível como último recurso.

Não pretendo ensinar sobre leucemia, nem seus tratamentos, mas, como eu disse, ela evoluiu com outro tipo de leucemia e passou a apresentar um quadro mais grave da doença.

Seu pai fora me visitar desesperado, talvez sem saber bem o que ia fazer em meu consultório. Ele sabia que ela ia se internar para a sua última chance de sobrevivência. Foi a primeira vez que eu conversei com o senhor Breder e a única vez que nos vimos pessoalmente.

Este pai lutava sem descanso para salvar a vida de sua filha e aprendeu tudo sobre leucemia e sobre transplante de medula óssea. Enquanto ele falava, me mostrava panfletos e me ensinava sobre a patologia, como se fosse um professor, só me vinha à cabeça oque eu disse dias antes para a minha parente: "Não se meta a besta de se sacrificar a doar medula óssea, assim, sem mais nem menos, para um banco de medula".

Ela foi internada a seguir, para recomeçar seu tratamento. Mesmo por algumas semanas, nós estivemos juntas de novo e me sinto muito grata a Deus por ter aprendido com seu sofrimento, sua coragem, com sua determinação incansável e com o amor de sua família, de seu noivo e de seus médicos.

Espero que cada pessoa com um problema assim possa ter a oportunidade de encontrar uma chance de cura e isso pode depender de nós, além do bom funcionamento dos serviços de procura de doadores.

Passo, a seguir, a carta que ela escreveu, para ser anexada a este pps:

“Venho na luta por quatro anos tentando vencer a leucemia e agora meu tratamento necessita de um transplante de medula óssea. Eu preciso encontrar um doador compatível, que, infelizmente, até o momento, não foi encontrado no REDOME (banco de doadores voluntários de Medula Óssea, que ainda possui uma quantidade insuficiente de doadores, perante a dificuldade de encontrar compatibilidade entre eu e o doador).

As chances são de 1 em cada 100 mil doadores, portanto precisamos nos conscientizar do quanto é importante crescer este banco de doadores, pois, assim, eu e mais de 1000 pacientes poderemos ter a felicidade de obter a cura e voltar a viver intensamente.

Eu gostaria de agradecer aos meus amigos e familiares que já se cadastraram no REDOME e, em especial, à Dra. Leila, por acompanhar meu tratamento com tanto carinho e dedicação e por enviar para seus amigos esta linda mensagem de solidariedade.

Eu fico muito feliz em saber que existem pessoas sensíveis e solidárias que adotaram a idéia com tanto afinco e que me enchem de alegria e vontade de vencer.

Com muita gratidão, da amiga Helen Breder
Rio de Janeiro, 21 de agosto de 2006"